Os ecossistemas da Terra sempre mudaram, com espécies se misturando graças a migrações, eventos estranhos e expansões lentas e rastejantes. Mas isso sempre aconteceu de forma lenta dando tempo ao próprio ecossistema de acondicionar com as mudanças. No entanto, desde que nós, humanos, chegamos à cena, colocamos as coisas em movimento rápido, movendo plantas, animais e outros organismos ao redor do globo intencionalmente ou não. De vez em quando, uma dessas mudança pode ter uma peculiaridade evolutiva que inesperadamente o ajuda a dominar seu novo território.

Carnívoros do deserto e das pastagens de todos os tipos dependem fortemente de sua excelente audição para sobreviver. Caçando em grandes distâncias abertas, é essencial que eles sejam capazes de ouvir os guinchos e gorjeios de suas presas para que saibam em que direção ir. Este é o caso do caracal -o gato selvagem nativo da África, Oriente Médio, Ásia Central e áreas áridas do Paquistão e noroeste da Índia-, que usa 20 músculos -em três grupos distintos- para controlar independentemente cada uma dessas grandes orelhas tufadas.

O ser humano é cativado por cavalos há muito tempo. Eles aparecem mais do que qualquer outro animal em pinturas em cavernas que datam 30 mil anos atrás. Mas como os cavalos fizeram a passagem de animais selvagens para animais que os humanos pudessem pegar uma carona e até mesmo viajar, determinando o destino das civilizações e alterando drasticamente a história? Os equídeos originalmente evoluíram na América do Norte no período eoceno, quando uma espécie equídea ancestral, hoje conhecida como Eohippus, começou a galopar pela ponte então terrestre de Bering.

Menos de um décimo de 1% da água da Terra é composta por lagos e rios de água doce. Ainda assim, essa minúscula porcentagem de água da Terra contém cerca de metade de todas as espécies de peixes do mundo! Ou seja, das cerca de 30.000 espécies de peixes conhecidas, cerca de metade vive em água doce. A água do oceano, que representa impressionantes 99,6% da água da Terra, contém a outra metade. Você pode pensar que o vasto oceano tem comparativamente poucas espécies porque grande parte dele é bem vazio, o que é verdade.

Você terá que olhar atentamente para avistar um bicho-folha-gigante da Malásia (Pulchriphyllium giganteum) quando ele estiver mordiscando as folhas de uma goiabeira ou mangueira. Esses herbívoros se misturam perfeitamente com o ambiente porque se parecem exatamente com sua comida favorita: folhas de árvores frutíferas. A evolução é realmente incrível. Ela permitiu que essa espécie usasse o mimetismo críptico como estratégia antipredação. Em ecologia e em etologia, crípse é a designação dada às adaptações morfológicas, de coloração e comportamentais que permitem um organismo evitar detecção.

Quando um urso-cinzento (Ursus arctos horribilis) pega um salmão, ele primeiro descasca e devora a pele, depois come o cérebroe ovas, se tiver. Mas então, é provável que ele abandone o resto do peixe e volte ao rio para pegar outro. Em média, os ursos abandonam cerca de metade de sua pesca anual. Mas por quê? Quer dizer, pegar peixes fora da piracema pode ser bem difícil; não parece fazer sentido desperdiçar todo esse tempo e esforço. Mas o urso está agindo muito mais logicamente do que podemos sequer imaginar.

Nas áreas montanhosas do Parque Nacional Voyageurs no norte do estado norte-americano de Minnesota, o lince é o rei do inverno. Os ursos-pardos, que dominam a natureza selvagem durante todo o verão, estão dormindo. Os leões da montanha, que às vezes esmagam crânios de lince por despeito, seguiram os veados e alces até o sopé das montanhas. É então que o lince, mais conhecido como gato-fantasma, com sua estrutura ultraleve e pés palmados tremendos, pode perseguir sua paixão singular: a lebres-da-neve, presa que constitui 96% de sua dieta.

Os elefantes são usados na indústria madeireira da Tailândia há séculos por causa de sua força, tamanho, inteligência e longevidade. Os elefantes são bem adaptados à floresta e podem evitar obstruções e seguir o caminho de menor resistência. Isso significa que eles podem ser usados no lugar de máquinas caras. Os elefantes são tradicionalmente treinados para acampamentos madeireiros por volta dos 3-5 anos de idade, quando aprendem comandos para transportar e empilhar toras usando suas trombas, presas e correntes.

Todos os seres vivos do planeta precisam de água, pois as reações químicas que tornam a vida possível acontecem em uma solução aquosa. Isso significa que nós, animais terrestres, precisamos beber água para nos manter sempre hidratados. Mas e os peixes? Como eles estão sempre na solução aquosa do meio aquático onde vivem aparentemente eles não precisariam beber a água de fato. Mas na verdade alguns peixes precisam sim beber água e outros não. Depende do peixe e do tipo de ambiente em que ele vive.

Muito tempo atrás, uma população de macacos vivia no meio da selva, comendo abundantes plantas no solo e as vezes procurando por frutas raras nas arvores. Mas quando um braço raso do rio Congo se tornou volumoso, largo e profundo, cruzando bem no meio do território dos macacos, a população foi dividida em duas. Embora o Norte e o Sul do rio tivessem exatamente a mesma espécie de macacos, estavam agora fatalmente confinados a dois ambientes separados. Por evidência fóssil, sabemos que esses ambientes eram um pouquinho diferentes um do outro.

Para a maioria dos humanos, os peidos são um alívio bem-vindo, um incidente embaraçoso ou a oportunidade para uma piada de quinta série. Mas, para muitas outras criaturas, os puns não são motivo de riso. Nas profundezas dos intestinos do reino animal, os puns podem servir como ferramenta de intimidação, como atos de autodefesa e até como armas mortíferas malcheirosas. Os flatos mais fedorentos do reino animal não são letais, mas podem arruinar sua viagem à praia. Focas e leões-marinhos são famosos por terem peidos terríveis devido à sua dieta.

Achávamos que tínhamos uma boa noção do sexo das plantas, mas então pequenas criaturas apareceram. Sabemos bem, há muito tempo que os animais geralmente movem pólen de flor em flor, fertilizando as plantas. Todos os tipos de criaturas polinizam todos os tipos de plantas, mas, até onde os cientistas sabiam, esse processo só acontecia em terra, ou pelo menos acima da água. Mas em 2012, duas pesquisadoras aventaram em um pequeno artigo a possibilidade da polinização animal também acontecer debaixo d'água.